sexta-feira, janeiro 26, 2007

Chelsea FC - O balanço

Há muito que se deu a viragem do campeonato em Inglaterra, que como toda a gente sabe, a segunda volta não é o espelho da primeira, como na maioria, senão no resto dos campeonatos. a esta altura do campeonato, podemos fazer uma constatação: existe um novo dado em relação aos anos anteriores. O Chelsea não é a equipa que foi em 04/05 e 05/06. Pelo menos a posição na tabela classificativa assim o demonstra, embora em termos competitivos, os blues estejam inserídos e na luta, por todos os troféus em disputa. Está na final da Taça da Liga, nos quartos de final da Taça de Inglaterra, está nos oitavos de final da Liga dos Campeões e está em segundo lugar no campeonato a 6pts do United. Desde cedo se percebeu que os Red Devils iriam ser os grandes rivais dos Blues no campeonato. O Chelsea acabaría por sofrer a primeira derrota, logo à segunda jornada, enquanto que o Manchester United, apenas perdería na 5ª, precisamente com o Arsenal. Mas a equipa do Chelsea está diferente. Enquanto José Mourinho jogou nas duas épocas anteriores de uma forma demolidora, usando aquilo a que ele chama de "descanço em progressão", ou seja, enquanto a equipa tem a bola, aproveita para descançar e recuperar forças, esta temporada o futebol do Chelsea é substancialmente mais rápido, sempre em ataque continuado, não dando espaço ao descanço progressivo. A diferença, nota-se na posse de bola. Nas épocas anteriores, a equipa do Chelsea jogava na espectativa. Não esperava pelo adversário, como é obvio, mas dominava-o, com constantes trocas de bola entre os jogadores com passes pela certa, atacando em bloco e defendendo da mesma forma. O facto de jogar em 4x3x3, permitia jogar pelas alas, e quebrar um pouco com equipas tradicíonais inglesas, que privilegiam precisamente o 4x4x2, mas ainda de uma forma muito directa, quase esquecendo os elementos do meio campo.
Mourinho em 04/05, tinha nas alas Duff e Robben, que além de serem prodigiosos extremos, eram rápidos, o que deixava os laterais colados, pois não tinham o mesmo poder de explosão. Drogba era o único jogador no centro do ataque, o que permitia aos alas serem mais interventivos e estarem mais perto da baliza. Quando não eram Duff ou Robben, eram Joe Cole ou Gudjohnsen.
Neste momento, por força das contratações sonantes de Ballack e Shevchenko, Mourinho foi obrigado a alterar o seu sistema de jogo de 4x3x3 para 4x4x2, jogando com um losango, constituido por Makelele, Essien, Ballack e Lampard. Na frente Shevchenko e Drogba. Este foi o esquema-tipo da equipa do Chelsea esta temporada, o que faz dela uma equipa mais previsivel e menos explosiva, como nos anos anteriores. As transições são feitas mais rápidamente, e não há espaço para o "descaço progressívo", o que origina um maior desgaste das peças do centro do terreno, deixando a defesa numa situação mais desprotegida também. Senão vejamos. Na época 04/05, o Chelsea, á 24 jornada, apenas tinha sofrido 8 golos, perdeu apenas por uma vez e empatou 4. Além disso, também tinha mais golos marcados, 48, contra 41 esta temporada. Em 05/06, a história repete-se, embora a margem já seja mais reduzida. Á 24 jornada, o Chelsea tinha sofrido 13 golos, contra os 19 desta temporada, e já tinha apontado 50, contra os 41 desta época. Ou seja, o 4x4x2, falhou em todos os níveis:

1- Retirou consistência defensiva e ao mesmo tempo, mais força ao ataque;
2- Tornou o jogo mais previsivel, logo é mais fácil os adversários encaixarem no esquema de jogo blue;
3- Terminou com o "descanço progressívo".

O facto de o Chelsea ter dois pontas de lança apontados ás balizas adversárias dá a ideia de maior poder ofensivo, o que no caso da equipa do Chelsea é um puro engano. Drogba é o único que está a tirar partido do facto de jogar com alguém ao lado, pois está a fazer a sua melhor época em Inglaterra a todos os níveis, ele, que até esteve para ser dispensado no início da temporada, segundo noticíaram os jornais ingleses. Mourinho deu-lhe toda a sua confiança, talvês por Shevchenko não ser o "seu" avançado, e o marfinênse não enjeitou a oportunidade. Hoje é o melhor marcador da Premiership, com 14 golos, seguido de Cristiano Ronaldo com 13. Em 04/05, Drogba apontou apenas 10 golos em todo o campeonato, e em 05/06, apontou 12, logo, esta temporada já suplantou o seu melhor registo. Mas á primeira vista, com Shevchenko e Ballack no plantel o Chelsea ficaría mais forte. O que acabou por não ser bem assim.
Em Itália, mais propriamente no AC Milan, Shevchenko gozava do estatuto de intocável, muito por culpa da lentidão que o futebol italiano possúi. Esta lentidão é obra de um esquema defensivo rigido, que dá pelo nome de Cattenacio. Ora, Shevchenko é um jogador com killer instinct, que aproveita os espaços vazios muitas vezes por ele criados. Em Itália, fruto do maior número de defesas em campo, o jogo pode ser mais pensado, pois há mais tempo para isso, algo que neste momento não acontece no Chelsea, daí a não adaptação do ucrâniano ao Chelsea. Assim como Ballack, que era o cérebro do Bayern de Munique, tarefa entregue no Chelsea a Frank Lampard. Assim, Shevchenko não consegue criar os seus espaços, nem Ballack joga no seu lugar, o que dá origem a constantes perdas de bola e a um ritmo de jogo completamente frenético e previsível.
Mas também não nos podemos esquecer da onda de lesões que assola a equipa desde Dezembro. Cech (entretanto já regressou),Cudicini, John Terry, Robben, Joe Cole, aliados á falta de classe de Boulahrouz, a intermitencia de Ricardo Carvalho entre lesões e recuperações, ao fraco rendimento de Paulo Ferreira e á lentidão de Wright-Phillips e Kalou, que não substituem nem por sombras, Robben, Cole, Duff ou Gudjohnsen, criou uma panóplia de dificuldades, que bateram no fundo no jogo com o Liverpool, onde não houve um central disponível para jogo de grau de difículdade tão elevado. Resultado, a derrota clara por 2-0, e o massacre que Kuyt e Crouch foram proporcionando a Paulo Ferreira e Essien, os substitutos. O lance do primeiro golo do Liverpool é a prova cabal de falta de rotinagem nessa posição de ambos os jogadores.
Poder-se-a dizer que as lesões não justificam período tão negro, pois o Chelsea tem dinheiro para acautelar qualquer situação menos normal como esta. Sim, é verdade, mas há princípios de jogo e formas de jogar, que os suplentes do Chelsea não possúem em relação aos habituais titulares.
Mourinho está a fazer a pior época desde que está em Londres, mas só na Premiership, pois não segue no primeiro posto, ao contrário de outros anos. Mas isso não acontece, porque o Manchester United está a fazer uma excelente temporada, a todos os níveis e principalmente Cristiano Ronaldo. O português, na altura da quadra natalícia acabou por ser fundamental, com os seus 6 golos em três jogos. Não deixa de ser curioso, o facto de Ronaldo marcar sempre que o United estava em dificuldades, e lembro o jogo contra o Wigan, em que o 0-0 teimava em persistir, e Ronaldo que saltou do banco no 2º tempo em 5 minutos resolveu a partida. E no único jogo em que não marcou o United não venceu, foi em Newcastle e o jogo acabou empatado a 2 bolas. Nesse mesmo período, o Chelsea, habituado a conquistar os 12pts em disputa, conquistou apenas metade, tendo vencido apenas um jogo em empatado 3. Alías, são precisamente esses 3 empates que fazem a diferença neste momento. Em termos de Liga dos Campeões, os blues continuam demolidores. Ganharam o grupo, e vão defrontar agora o FC Porto nos oitavos de final da competição. A aposta é clara, vencer a competição, e Mourinho tem equipa para isso. Nessa altura, Terry já estará recuperado e Robben também, o que acrescentará uma mais valía ao plantel e a equipa. Alias, bastou ver a exibição de Robben frente ao Wigan a alguns dias atrás, para perceber a importância que o jogador poderáter na plenitude das suas capacidades. Para já não está previsto nenhum reforço. Fala-se de um central, mas ainda não chegou ninguém. De facto o ideal sería contratar um jogador para essa posição, pois só Terry e Carvalho são muito pouco para enfrentar as competições em que o Chelsea está envolvido. Fala-se do empréstimo de Jorge Andrade, que sría uma boa opção, pois Mourinho conhece o jgador, ou então da compra ao Bolton, do israelita Ben Haim, mas o negócio parece gorado, pelos valores que o Bolton pretende.

Este é também um momento um pouco conturbado para a equipa de futebol. As notícias sobre a saida de Mourinho sucedem-se e apontam-se canddatos: Eriksson, Guus Hiddink e últimamente se fala de Mancini. Diz-se que Mourinho sairá para Madrid no fim da temporada, pois Cappelo parece ter acabado com o seu estado de graça. Dois dos mais influentes jogadores do Chelsea, s capitães John Terry e Frank Lampard, só aceitam a renovação do contrato, caso lhes seja garantida a continuação de José Mourinho no comando técnico.... Enfim, um vai e vem de informação, que em nada abona ao bem estar da já de sí psicologicamente pouco forte equipa blue. Mas agora deixo uma questão: Será que uma equipa que tem hipoteses de ganhar tudo aquilo em que está envolvido, terá necessidade de passar por todo este alvoroço?

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